A entrada de turistas russos deve ser proibida na Europa? Entenda

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Letônia, Finlândia e Estônia tomaram a dianteira, restringindo a emissão de vistos e o acesso a viajantes como retaliação à guerra de Putin na Ucrânia. Passaporte russo se incendiando durante protesto na frente da embaixada da Rússia na Lituânia em 24 de fevereiro de 2022
Mindaugas Kulbis/AP
Um movimento para proibir definitivamente a entrada de turistas russos cresce na Europa, em represália à guerra de Putin na Ucrânia. Começou na Letônia e abarcou recentemente Finlândia e Estônia. O assunto entra agora na pauta de ministros das Relações Exteriores da União Europeia, que se reúnem no fim deste mês na República Tcheca e em breve deve ser debatido em reuniões de cúpula dos líderes europeus.
A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, foi taxativa em seu raciocínio para restringir o turismo russo: visitar a Europa é um privilégio e não um direito humano. Portanto, segundo ela, as fronteiras a estes viajantes devem ser fechadas. Kallas respaldou um apelo do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky ao Ocidente para que as viagens de cidadãos russos fossem banidas, como punição pela decisão do Kremlin de invadir a Ucrânia.
Protestantes contra a Rússia na Geórgia mostram passaportes russos com velas e flores em memória das vítimas da Ucrânia
Vasily Krestyaninov/AP
Numa entrevista ao “Washington Post”, ele alegou que os russos estão tirando as terras de outras pessoas; por isso deveriam ser forçados “a viver em seu próprio mundo até que mudem sua filosofia”.
Desde que a guerra começou, em fevereiro passado, a União Europeia proibiu as viagens aéreas entre o bloco e a Rússia, mas os viajantes podem ingressar no continente de carro ou ônibus e passaram a sobrecarregar as estradas de Estônia, Finlândia e Letônia. Dali, seguem de avião para outros destinos europeus, nem sempre para fazer turismo.
Os três países tomaram a dianteira para eliminar essa rota inicial, mas seus líderes afirmam que é necessária uma decisão definitiva do bloco para banir os viajantes russos do espaço Schengen, composto por 26 países.
A Finlândia tem uma fronteira de 1.340 quilômetros com a Rússia e eliminou em março o serviço ferroviário entre a capital Helsinque ea cidade de São Petersburgo.
O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, exibe pedidos de adesão à aliança de Suécia e Finlândia em Bruxelas, na sede do organismo
JOHANNA GERON / Pool / AFP Photo
A premiê, Sanna Marin, não acha certo que enquanto a Rússia trava uma guerra brutal na Europa, os russos possam ter uma vida normal, viajando pela Europa como turistas. “Minha posição pessoal é que os vistos sejam restringidos”, afirmou ela à emissora de TV Yle.
Uma decisão da União Europeia nessa direção seria complexa e teria oposição imediata da Hungria, cujo premiê, Viktor Orbán, é aliado de Putin. Isolar os viajantes seria mais um capítulo na russofobia, que vem sendo alimentada no continente europeu por conta e obra do presidente russo.
A medida esbarra ainda no argumento de que os que se opõem a Putin e divergem da sua atuação imperialista na Ucrânia e já sofrem internamente as consequências, também seriam duplamente castigados. Milhares de russos foram presos desde o início da guerra e estão sujeitos a sentenças de até 15 anos de prisão por desafiar o Kremlin.

Fonte: G1 Mundo