Tenho 83 anos e quero ser o melhor que posso aos 83 anos, diz Tom Jones, antes de show no Brasil

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Voz de ‘It’s not unusual’, ‘Delilah’ e ‘Sex Bomb’ canta em SP nesta quarta (17). ‘Ainda posso cantar. Envelhecer não está no meu caminho, não parou a minha habilidade vocal’, diz ao g1. Tom Jones faz uma apresentação da turnê ‘Ages & Stages’ em São Paulo
Reprodução/Instagram
Tom Jones não se preocupa em aparecer mais velho diante do público. Desde que tenha a certeza de que sua voz esteja tinindo. E está. Aos 83 anos, ele roda o mundo com o show “Ages & Stages”, que apresenta em São Paulo, no Espaço Unimed, nesta quarta-feira (17).
“Ninguém deve tentar ser alguém que não é. Você não tem que tentar ser uma versão mais nova de você mesmo, você precisa assumir”, diz ao g1.
“Ainda posso cantar e por isso eu canto. Envelhecer, graças a Deus, não está no meu caminho, não parou a minha habilidade vocal.”
Nesta turnê, ele traz faixas do álbum “Surrounded by time”, de 2021, em que fala sobre passagem do tempo e da maturidade que vem com a idade. Com o trabalho, ele se tornou o artista mais velho a conquistar o topo das paradas no Reino Unido.
Tom Jones durante apresentação do show ‘Ages & Stages’
Reprodução/Instagram
Nos shows cheios de vitalidade, ele faz piada com a ideia de envelhecer, enquanto relembra seus sucessos dos anos 60 (“It’s not unusual”, “Delilah”) e de décadas mais tarde. Nos anos 90, conquistou novos fãs com o álbum “Reloaded”, em que fez parcerias com artistas pop.
Ao longo da carreira, Jones tem engajado com a turma mais nova: ele é um dos jurados do “The Voice UK” e é dele a trilha sonora da dancinha que Carlton faz em “Um maluco no pedaço”, que virou meme.
“Amo o fato de jovens gostarem do que eu faço, assim como meus fãs antigos. É um sentimento bom saber que os mais novos gostam do que eu faço, porque é honesto e eu tenho esse feedback dele. Eles gostam do que eu faço e dizem que eu não tento ser o que não sou.”
Leia a entrevista do g1 com Tom Jones.
g1 – Em “Surrounded by time”, de 2021, e nas suas últimas apresentações, o senhor fala sobre a passagem do tempo, sobre envelhecer e dá conselho às pessoas. Fica claro que o senhor não tenta parecer e agir como uma pessoa mais nova. Como enxerga o envelhecimento e por que trazer este assunto no seu trabalho e nos seus shows?
Tom Jones – Bem, eu penso que é ser honesto. Você tenta ser o mais honesto possível e eu acho que é isso que as pessoas querem ouvir. Gente nova e gente mais velha. Ninguém deve tentar ser alguém que não é. Você não tem que tentar ser uma versão sua mais nova, você precisa assumir. Tenho 83 anos, eu quero ser o melhor que posso aos 83 anos.
Ainda posso cantar e por isso eu ainda canto. Eu ainda quero viajar e ir para países diferentes e cantar para plateias diferentes, porque eu realmente curto. Então, envelhecer, agradeço a Deus, não está no no meu caminho ainda, não parou minha habilidade vocal. Meu desejo ainda está forte para apresentar.
Tom Jones em apresentação do show ‘Ages & Stages’
Reprodução/Instagram
Eu não me importo em dizer… Tem uma música que eu gravei chamada “I’m growing old” e eu gravei agora. Guardei essa música quando eu tinha uns 30 anos, quando foi a primeira vez que eu ouvi, mas sabia que era muito novo para gravar. Deixei guardada até agora. Ela diz ‘estou andando mais devagar e reduzindo a minha fala, mas estou ficando mais sábio’.
Com a idade, você deve ficar mais sábio e isso é uma coisa que você tem que viver e tem que ter vivido, e tem que ter vivido muito para ter essa sabedoria.
g1 – É um pouco difícil ficar velho no showbizz. Para as mulheres, principalmente. Como você se sente ao envelhecer dentro do cenário do entretenimento?
Tom Jones – Para mim não é um problema porque a minha voz ainda está forte. Está funcionando? Então para mim é o mais importante.
Quando você fala ‘mulheres’, eu não sei, porque não sou mulher. Eu só posso falar pelos homens. E isso depende em qual parte do showbizz você está. Se você é cantor, então, claro, você depende da voz. Você tem que ter certeza que a voz ainda está viva. Se você é ator, por exemplo, tem muito o que fazer ao envelhecer.
“Envelhecer é mais fácil para algumas pessoas, porque tivemos grandes atores e cantores. Frank Sinatra continuou por muito tempo. Tony Bennett cantou por um bom tempo. Ele estava com uns 90 anos. Eu ainda estou cantando. Willie Nelson tem 90 anos e ainda se apresenta. Isso tudo depende do tipo de artista que você é. Eu acho que envelhecer pode fazer a diferença.”
g1 – A voz do senhor ainda está tinindo e inconfundível. O que faz para manter isso?
Tom Jones – A primeira coisa que tem que se estar ciente é a umidade. Se você canta em um clima seco, isso não é bom. Você tem que ter certeza, especialmente enquanto dorme, que o ar está úmido, e se não está, tem que colocar o umidificador. Ficar desidratado, não é bom. Tem que tomar muita água. E certifique-se de dormir o suficiente.
Ah, e umidade, de novo, é muito importante. Eu tenho tido sorte no que diz respeito à minha saúde. Existe sorte, que tem muito a ver com isso. E a vontade. Se quiser se manter no show business você tem que ser capaz de se manter, você tem que realmente amar o que está fazendo para se conectar. Eu ainda amo o que eu faço, e a minha voz ainda é capaz de fazer. Para mim, não é um problema.
Tom Jones é jurado no ‘The Voice UK’
Reprodução/Instagram
g1 – No seu álbum, tem uma música, “Pop Star”, que é muito boa. Tem vários tópicos que a gente pode discutir e um deles, que eu gostaria de saber, é sobre a frase ‘Estou indo fazer meu primeiro show’. O senhor se lembra do seu primeiro show? Quando estava lá, imaginou que estaria cantando aos 83 anos?
Tom Jones – É muito empolgante quando você começa. E você não sabe quanto tempo vai durar, porque muitas coisas podem acontecer no caminho. Mas eu lembro uma vez, logo que eu comecei, alguém perguntou por quanto tempo eu achava que cantaria, e eu disse: ‘eu acho que estarei nos palcos até 97 anos’.
Não sei por que eu falei 97. Tenho 83 e ainda estou aqui, graças a Deus. Tudo ainda funciona, minha voz ainda está aqui, minha saúde vai bem. Veja, eu coloquei vontade nisso, você tem que amar o que faz para estar no palco e arrancar seu coração.
Você tem que expor a sua alma no palco e isso é uma coisa grande, você tem que curtir o que faz e eu curto.
Tom Jones na década de 1960
Reprodução/Instagram
Foi assim na primeira vez. Sabe, quando tem a primeira gravação. “It’s not unusual” foi meu primeiro álbum. Eu cheguei no primeiro lugar [das paradas], e era uma coisa enorme. Foi tão empolgante, eu amei e pensei ‘quero fazer isso para sempre’.
É uma coisa, sabe? Imortalidade. Se eu pudesse ser imortal seria maravilhoso, mas não posso. Então, a gente só curte enquanto pode. Você tem que entender que não vai viver para sempre e tentar aproveitar o máximo que puder e levar diversão para as outras pessoas. Isso é maravilhoso, fazer algo que as pessoas gostam e estejam se divertindo com isso.
g1 – Tem outro tema em “Pop star” que aparece também em outra música, “Talking reality television blues”. O senhor comenta que “uma vez que a câmera entra, a realidade vai pela janela”. Hoje, com câmeras nos celulares e redes sociais, o senhor acha que estamos vivendo num mundo de fantasia?
Tom Jones – Eu acho que o mundo mudou. Anos atrás, os artistas não queriam que o público soubesse da vida privada deles, que soubessem o que estavam fazendo. Queriam que fosse apenas o lado profissional.
Tom Jones em apresentação da turnê ‘Ages & Stages’
Reprodução/Instagram
Mas agora, eles vão nas redes sociais e mostram para as pessoas exatamente tudo que eles estão fazendo, do momento que acordam, de manhã, até a hora de ir para cama, à noite. Isso mudou. É um pouco de quantos hits eu consigo agora? Quantas pessoas estão me ouvindo agora. Anos atrás? Não era assim. Você tentava manter a sua vida privada, privada. Mas eu acho que mais pessoas estão expostas e os artistas se expõem mais para o público do que antes.
g1 – E como o senhor se sente em relação a isso?
Tom Jones – Bem, eu não me importo desde que não tenha que fazer isso. Eu não quero que as pessoas saibam tudo sobre mim. Então, desde que eu não tenha que fazer…
g1 – O senhor sofreu alguma pressão para fazer algo assim?
Tom Jones – Não, não. Eu deixo as pessoas interessadas no que eu faço. Tento dar a elas o tanto de informações que eu acho serem necessárias. Se eu sair em turnê, então, a gente precisa promover, precisa fazer para conseguir tirar o melhor disso. Você precisa dar entrevistas para promover e fazer as pessoas saberem que você está chegando. Mas para todo mundo saber quantas espinhas eu tenho ou coisa assim, não. Acho que eu não preciso fazer, e não sinto pressão nisso.
Tom Jones em 1968
Reprodução/Instagram
g1 – Uns anos atrás, uma cena de “Um maluco no pedaço” viralizou com o personagem Carlton dançando “It’s not unusual”. Muitos jovens tiveram os primeiros contatos com o trabalho do senhor a partir disso. Isso também aconteceu quando lançou “Reloaded”, em que o senhor divide as músicas com artistas pop da época. O senhor se preocupa em buscar atenção dos mais jovens? Pensa em atualizar as parcerias, por exemplo?
Tom Jones – Bem, se houver oportunidade, se as canções permitirem duetos, estou dentro. Se esses artistas mais novos quiserem fazer algo, contanto que eu goste do material, vamos fazer juntos. Estou dentro de tudo. Amo ser desafiado. Sabe, eu amo experimentar coisas novas e cantar com artistas mais novos é um dos motivos pelo qual entrei no “The Voice UK” na TV. Eu posso ouvir e trabalhar com jovens cantores e eu amo isso.
Tom Jones com Tina Turner e Jerry Lee Lewis
Reprodução/Instagram
Amo o fato de jovens gostarem do que eu faço, assim como meus fãs antigos. É um sentimento bom saber que os mais novos gostam do que eu faço porque é honesto e eu tenho esse feedback deles. Eles gostam do que eu faço e dizem que não tento ser o que não sou.
“Estou nos meus 80, eu não estou dizendo que sou muito velho. Eu sinto que minha voz ainda é capaz de fazer todos os estilos de música. Então, cantar com os mais novos é uma coisa que me deixa animado.”
g1 – Dessa nova geração, quem você chamaria para um dueto?
Tom Jones – Vai depender das canções. Mas se tiver oportunidade, estou aberto a sugestões, porque existiram pessoas que eu sinto por nunca ter cantado. Whitney Houston, eu gostaria de ter feito. Nunca cantei com Amy Winehouse, eu queria ter feito. Não quero perder a oportunidade de cantar com esses artistas que realmente cantam. Porque eu cantei com Aretha Franklin, Ray Charles, Little Richard, Jerry Lee e Elvis Presley. Tem muita gente com quem eu gostaria de cantar, mas tudo depende da música.
g1 – O senhor já foi chamado de “lendário”. O senhor se sente “lendário”? O que sucesso e fama significam para o senhor?
Tom Jones – Fama, para mim, é ser capaz de fazer o que ama. Se você é bem-sucedido no que você faz da vida, se está vivendo todo o seu potencial, se está fazendo o melhor que pode, então você é bem-sucedido e pode fazer o que quiser. Não há nada melhor do que isso. Eu tenho a sorte de fazer. Não importa o rótulo que dão, lendário ou famoso. Desde que seja uma coisa positiva.
TOM JONES
São Paulo
Data: 17/04/2024 (abertura dos portões: 19h)
Local: Espaço Unimed (Rua Tagipuru, 795 – Barra Funda)
Ingressos:
Azul Premium: R$ 980 (inteira) e R$ 490 (meia-entrada)
Seção azul: R$ 980 (inteira) e R$ 490 (meia-entrada)
Seção A, B, C e D: R$ 880 (inteira) e R$ 440 (meia-entrada)
Seção E, F, G e H: R$ 750 (inteira) e R$ 375 (meia-entrada)
Seção I, J e K: R$ 580 (inteira) e R$ 290 (meia-entrada)
Camarote: R$ 790 (inteira) e R$ 395 (meia-entrada)
Mezanino: R$ 650 (inteira) e R$ 325 (meia-entrada)
Assento PCD: R$ 350

Fonte: G1 Entretenimento